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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

“QUESTÃO DE VIDA OU MORTE”



Este poema nasceu de um parto doloroso,

É que forcei o parto! Não havia o mínimo

Sinal da hora do seu nascimento – numa ação

Desesperada ou tudo ou nada – a decisão foi tomada!

Era questão de vida e de morte, cabia-me a decisão

De quem morreria e quem viveria – chance remota, ambos!

Seu eu abortasse o poema no meio do parto – morria o poema!

Restar-me-ia apenas o remorso de não ter dado à luz esse filho!

Seu não tentasse trazer à luz o poema – morria eu!

Explico: estava eu, numa noite de total solidão e vazio,

Tamanho era o vazio do meu ser - um corpo sem alma,

Podiam-se dizer, as batidas do meu coração eram lentas!

Pensei: algo urge fazer! Já não sei se estou vivo ou morto!

Não há sinal mais convincente de vida que o nascimento,

Pensei, num inaudito esforço! Sim, eu teria de dar à luz

Mais um poema, filho meu, ainda que, em minha mente

E no meu coração, locais de gestação de poemas – vazio...

Teria de ser à cesariana: nada de notebook! À moda antiga!

Peguei o bisturi de quem escreve e passei a fazer cortes

Em linha reta e em círculo no papel, eu tinha de ser rápido,

O poema já começara a despontar, li a primeira estrofe – emoção!

Quando veio à luz a última estrofe, eu estava molhado de suor,

Mas, uma alegria incontida inundou todo o meu ser – vida, vida!

Eu havia conseguido, trouxera à luz mais um poema, meu filho!

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